Um viajante cai do futuro e estatela-se em pleno Largo do Chiado. Levanta-se, sacode a poeira da roupa, ensaia dois ou três passos, ainda um tanto aturdido, e finalmente interroga Fernando Pessoa:
«Em que tempo estou?»
Faz uma bela noite de verão. O poeta ergue-se devagar do seu silêncio de bronze. Estuda, sem surpresa o viajante. Suspira, enfim, morto de tédio:
«Em toda a parte todo o tempo é igual. De onde você vem, por exemplo, não há mais futuro do que agora. Há apenas mais passado.»
José Eduardo Agualusa - Seis Aforismos Amorais
1 comentário:
Espectacular! Fez-me pensar nas noções de futuro, presente, passado, que tanto falamos, das quais vamos fugindo sempre, em busca de mais presente, de mais futuro, mesmo sabendo que o presente já é passado e que o futuro é agora!
Beijos grandes
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