sexta-feira, dezembro 23, 2005

Crónica antiga

«A casa vai-se esvaziando a pouco e pouco e começam a faltar pessoas e coisas nos compartimentos que aumentam. Aumenta a sombra também porque há quartos que deixaram se abrir e onde o ar parou. Mesmo que não ganhem pó parecem mortos, os móveis que sobejam hirtos e dignos, uma fotografia com um sorriso que se não dirige a ninguém, olhos que desistiram de nos alcançar, indiferentes. Em que sítio vivem agora? »

António Lobo Antunes, «Crónica antiga que achei numa gaveta», Revista Visão, N.º 668, 22 a 28 de Dezembro 2005

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