segunda-feira, julho 24, 2006

Amor

«O sentimento de ser eleito está presente, por exemplo, em toda a relação amorosa. Porque o amor, por definição, é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro. Se uma mulher me diz: amo-te porque és inteligente, porque és honesto, porque me dás presentes, porque não andas no engate, porque lavas a louça, sinto-me decepcionado; este amor tem o ar de ser qualquer coisa de interessado. É muito mais bonito ouvir: estou louca por ti apesar de tu não seres nem inteligente nem sério, e embora sejas mentiroso, egoísta e safado.»

Milan Kundera, A Lentidão, Edições Asa, página 39

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