quinta-feira, junho 12, 2014

Uma Canção Debaixo do Dilúvio

Ocupam-nos com a sua feroz solidão 
e conhecemos o seu cheiro, o consumo difuso, o visível de ambos os lados
Diante deles não é possível dissimular 
a ironia ou a piedade 
Esperam por nós entre diversas combinações
à superfície e para além disso
Um amigo é uma “machine à habiter”
o vento pré-histórico das montanhas geladas
Talvez pertençam a outros mundos
pois nos abraçamos sempre como sobreviventes
Com eles podemos arrancar uma canção 
debaixo do dilúvio 

José Tolentino Mendonça, Estação Central, 2012

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