«Não devia ter-te deixado entrar assim na minha vida, não devia. Mas não pude. Entraste em mim por assalto e foi doce resistir. Agora quero expulsar-te, e não consigo. Perdi-me em ti, por descuido. Agora não me encontro sem ti.De tudo nada ficou como prova: nem uma linha com a tua caligrafia, nem uma fotografia em que estivessemos os dois, nem um dos teus laços preferidos. Por vezes julgo, enlouquecida, que nem sequer exististe. Fecho os olhos e faço por fixar uma só imagem na memória, um só movimento curto dos teus braços, um sorriso na tua cara, uma única palavra, boa ou má, e não consigo. A imagem escorrega, desfaz-se no centro ou nos cantos. Quanto mais tento, mais me escapa. Volto atrás e recomeço. O que me vem não é o mesmo. Não quero abrir os olhos para não ter que não te encontrar. »
Pedro Paixão, A Noiva Judia
3 comentários:
Não são sempre assim as memórias do que já acabou e que nos deixa saudades? Enevoadas, incertas, inseguras, a lembrar-nos das coisas boas mais do que das más, mas que certamente existiram, porque senão tivessem existido a incerteza seria realidade e tu (!) estarias comigo! um beijo enorme para ti,amiga**
sou uma eterna apaixonada da escrita dele, devoro tudo o q e livro dele e ja tive msm uma fase extremamente complexa em q aescrita dele parecia estar dentro de mim a cada palavra e a cada imagem q ele colocava. esse e dos pcos livros q ainda nao li dele. o meu amor (e gosto do peso desta palavra) pela escrita dele estava msm adormecido pk resolvi a bem da nha sanidade mental deixa-lo nas prateleiras das livrarias e das bibliotecas e nao o trazer cmg nunca mais. chegou a altura em q o destino pregou novamente a partida do costumo e aqui no king's nesta maravilhosa bilioteca q tu tao bem conheces, voltei a cruzar prateleiras com os livros dele e ele voltou a exigir voltar cmg p casa. voltei a devora-lo numa noite em uma hora apenas ou talvez menos e voltei a sentir-me preenchida e a sorrir a cada linha e a dizer, MUITO OBRIGADA PAIXAO.
desc o comment enormissimo mas este e um assunto delicado... ihihihiih:)
beijos a ti amiga, seguiram hj uns postalinhos de natal numa cartinha p casa da sonia:)
maggoo
Obrigada pelos vossos comentários! Este foi o único livro que li de Pedro Paixão, já lá vão uns 4 anos, e tal como tu Polly, fez-me pensar muito. Especialmente este início do conto «Noiva Judia» do livro do mesmo nome, do qual nunca mais me esqueci. E também me é complicado falar na escrita dele, talvez porque em grande parte ele exprime o universal, o que nos é comum :-)
Beijão enorme às duas***
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