terça-feira, janeiro 24, 2006

«(prelúdio em forma de grito, para um livro de confissões pessoais que nunca escreverei.)

Ouve, tu que não existes em nenhum céu:

Estou farto de escavar nos olhos
abismos de ternura
onde cabem todos
- menos eu.

Estou farto de palavras de perdão
que me ferem a boca
dum frio de lágrimas quentes de punhal.

Estou farto desta dor inútil
de chorar por mim nos outros.

-Eu que nem sequer tenho a coragem de escrever
os versos que me fazem doer.»

José Gomes Ferreira, Poeta Militante, Círculo de Leitores, pág.279

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