segunda-feira, dezembro 29, 2008

Contagem Descrescente

Acompanhas a passagem de mais um ano
com humor negro
e juras de mudança de vida.

A teu lado os amigos
comprometem-se – pelo menos esta noite –
a não deixar que diante de ti se abra
um abismo de sujeições.

Mas pouco a pouco
distrai-os a contagem decrescente,
um fogo-de-artifício
no céu televisionado.

Habituaste-te
a acertar as horas
pelo rumor de uma estrela,
acendendo cigarro atrás de cigarro,

embora às vezes ainda esperes
Qualquer recompensa
do tempo inamovível.


Jorge Gomes Miranda, Postos de Escuta, Lisboa, Editorial Presença, 2003

2 comentários:

groze disse...

Que poema tão bonito, Joana!

groze disse...

Estava a ver os teus links e, vendo o arquivo de poesia que lá tens, achei por bem recomendar-te um outro, com uma maravilhosa colecção de poetas e poemas de diversas nacionalidades (sendo que nos acho particularmente bem representados, aliás), e onde cada mês destacam autores de países diferentes. Creio que valha a pena deixar-te o link para a Poetry International Web, em http://international.poetryinternationalweb.org

Be sure to check it out!