Podes pegar em mim, pesar-me na balança
do sim e não, medir-me às polegadas a bondade;
ainda eu guardo o coração em sítio seco
e fresco, e longe de palavras.
E agrada-me estar só, na mais pequena cela
de uma prisão estéril entre os montes,
toda a noite a cantar contra a janela
donde se avistam outras grades iguais.
Podes até dizer (mas não as dizes)
as engraçadas frases em que voas
por distantes colinas, espantadas
de tão solene e nova madrugada;
e trazer-me água fresca, que me enrolo
em mim como um novelo e nem sequer
me movo quando o monstro inexplicável
com as suas garras rasga o meu lençol.
António Franco Alexandre
2 comentários:
Queres dizer António Franco Alexandre, não é?
Dele li o livro de poemas - sonetos todos eles, penso eu - intitulado Duende, e gostei muito.
Já corrigi, nem me tinha apercebido, thx! Li alguns poemas dispersos que me enviaram e depois fui «roubar» este ao Poetry International Web, quando andava a tentar descobrir mais sobre ele :-)
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