Cada livro dá uma velocidade de leitura; como um carro; um livro deveria ter na sua capa ou na contracapa indicações de velocidade máxima e mínima de leitura: não ler a menos do que vinte páginas por hora, não ler a mais do que quarenta páginas por hora. (ideia a desenvolver)
Claro que a velocidade engana: livros imbecis, mas também livros perfeitos, podem ser lidos a uma grande velocidade, suponhamos: cem páginas por hora. Não é tanto a velocidade potencial d eleitura de um livro que dá a sua qualidade, é mais o local aonde se chega com essa velocidade.
E que importa estar num carro que vai a uma grande velocidade, se ele chega a um sítio que eu não desejo (rapidamente, é certo)?
E que importa estar num carro que vai a uma velocidade lenta para que os seus passageiros possam apreciar a paisagem, se a paisagem não é relevante?
Contemplar quando estamos em viagem se a coisa contemplada for interessante.
Claro, dirão, ler é bom para os sentimentos, para os abanar: por favor, não introduza dados quantitativos no prazer da leitura.
Porém, não esquecer: o que fez cada um com o que leu à velocidade que leu? Paisagem e sítios de chegada. Contabilidade económica de leitura.
(Não podemos ler tudo. Somos mortais, meu caro.)
Gonçalo M. Tavares, Breves Notas sobre as ligações (Llansol, Molder e Zambrano), Relógio de Água, pág. 65
1 comentário:
sem dúvida o livro mais perigoso do Sr M Tavares. Cuidado
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